SANTIAGO
O vento embatia-lhe no rosto, como se o culpasse por algo. Era forte e traiçoeiro, trazendo grãos de areia invisíveis que perturbavam a visão. Não estava um dia frio, pelo contrário, apenas uma manhã de vento igual a tantas outras por ali. Sentado num banco de madeira, avistava o mar fustigado pelas vagas que as rajadas ventosas incitavam.
A tranquilidade do lugar era reconfortante, mas impotente para o seu espírito transtornado. Era cedo e quase não se via ninguém por ali, por aquele passadiço de madeira que ligava várias praias a sul do rio Lima. A linha do horizonte mal se distinguia entre azuis de céu e mar, onde ilhéus de espuma branca brotavam entre a ondulação.